segunda-feira, 16 de abril de 2012

Transporte: infraestrutura que faz falta

Rodoviária lotada em Salvador (BA),
no início de nossa viagem ao
Vale do Pati

Quem faz Turismo de Aventura normalmente não tem grandes preocupações com a qualidade e disponibilidade dos transportes públicos durante a realização das atividades outdoor. Em muitos casos, a aventura se faz à pé ou de bicicleta e em outros, o próprio transporte, precário e pitoresco é parte do processo. Entretanto, nem só de perrengue nós vivemos e para chegarmos aos destinos da aventura, padecemos sem necessidade, com a notória precariedade dos transportes no Brasil.

No modal terrestre, a situação parece estar bem sintetizada na afirmação de especialistas em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH):

"Sem políticas públicas que assegurem opções eficientes de transporte coletivo urbano e com o aumento nas vendas de carros devido à elevação do poder aquisitivo dos brasileiros e a incentivos à indústria de automóveis, o país enfrenta uma grave crise de mobilidade"

Além do tempo gasto para deslocamento (que poderia estar sendo usado para lazer, visitas, descanso ou qualquer outra atividade mais produtiva), os riscos de acidentes e os impactos ambientais aumentam e os turistas se tornam reféns dos preços - muitas vezes abusivos - de empresas de táxis e receptivos.

Em um país com nossa dimensão, a malha ferroviária é risível: "A malha brasileira é malconservada e insuficiente – temos tantos quilômetros de trilhos quanto o Japão, cujo território é do tamanho do estado de São Paulo. Os EUA têm 14 vezes mais ferrovias do que nós" [1] e poucos trechos são aproveitados como atrativos turísticos


Aeroporto de Guarulhos
Nos ares, a competitividade entre as empresas aéreas tem provocado uma guerra de promoções e redução de preços, mas os serviços continuam a ser deficientes e, principalmente, carecemos de uma boa malha de vôos regionais. Como reflexo, as rotas menos demandadas ficam absurdamente caras ou requerem um tempo enorme para cobrir as distâncias.

É fácil perceber isso: hoje (16/04/2012) fiz uma consulta para viajar de avião de Natal - RN para São Luiz-MA e a passagem mais barata custava R$ 1457,00 e teria que dispor de 13h para o deslocamento! É, infelizmente, acaba sendo um forte motivo para se procurar outros destinos.

A conclusão não pode ser diferente: querer desenvolvimento turístico apenas com as belezas naturais e hospitalidade do povo é um engodo estratégico. Sem infraestrutura não dá.  Temos que levar em conta que o transporte em si (principalmente o transporte urbano) tem uma limitada capacidade de agregar valor à viagem, mas certamente possui o poder de atrapalhar ou mesmo inviabilizar os planos dos turistas.

Outras postagens:

Andarilhos do Mundo: O Sistema de Transportes Brasileiro
Dani Polis: Turismo em Debate: Transporte público
Eu Vou de Mochila: As falhas do transporte público
Gabis na Estrada: Vai de quê?
Vida de Turista: Transporte público de qualidade para turistas e sociedade
Trilhas e Aventuras: Transporte Público de Qualidade existe?

Para Saber mais

SIPS Mobilidade Urbana 2ª edição. (Ipea)
Plano de investimento público em ferrovias está paralisado (ANTF)

Para ver os demais post da série #TurismoEmDebate, acesse a página de conteúdo e localize a seção Blogagens Coletivas

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